sexta-feira, janeiro 20, 2006

Falem-me sobre o Amor.. falem-me sobre o Amor que já não sei o que falar dele, já não sei o que pensar dele.. Como é ele, como o sentimos, como o reconhecemos..

Amor à primeira vista,
Amor conquistado..
Amor habituado..

O grande Amor.. onde está? Existe..? Para todos?

Como saber se é amor ou paixão?
Como saber se é sentimento ou habituação?

Como amar? Como confiar?
Como deixar de amar? Como não sofrer?

Perguntas sem respostas.. às quais apenas a Vida dá indicações..

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde , que a boca tardando-lhe o beijo mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nos olhamos, tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos, unidos, ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde, em que tanto tardaste, o sol que amanhecia
Era tarde demais para haver outra noite, para haver outro dia.

Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te aguarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza!

Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram

Eu não sei meu amor se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem, cedo
Para quem se quer tanto!

Ary dos Santos